A felicidade no trabalho afeta diretamente o desempenho dos colaboradores e os resultados organizacionais. Entenda este conceito e confira a seguir algumas dicas e insights da especialista Suzie Clavery para garantir um ambiente de trabalho verdadeiramente feliz.

As empresas nunca estiveram tão preocupadas com a felicidade dos colaboradores. Mas não é à toa. Diversas pesquisas têm mostrado que investir em iniciativas e projetos que façam os colaboradores mais felizes impacta positivamente nos resultados e no crescimento da empresa.

Mas ainda há muito para se descobrir sobre esse tópico que ainda gera tantas dúvidas e questionamentos entre especialistas. O que é felicidade no trabalho? Como ela se manifesta? Ser feliz no trabalho é realmente possível? Como?

A seguir, exploramos melhor este conceito e destacamos algumas dicas práticas para que gestores e profissionais de RH consigam proporcionar este sentimento para seus colaboradores. Confira!

 

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Afinal, o que é felicidade no trabalho?

Entender o que é felicidade no trabalho é um desafio. Isso acontece pois este é um conceito muito subjetivo e que depende de diversas variáveis.

No entanto, podemos definí-lo da seguinte forma:
Em resumo, a felicidade no trabalho, também conhecida como felicidade organizacional e felicidade corporativa, é um reflexo positivo de como um colaborador se sente no ambiente corporativo.

O sentimento de felicidade, nesse caso, envolve percepções, valores e um conjunto de sentimentos secundários que levam o colaborador a um estado de contentamento e satisfação ao exercer sua atividade profissional.

Confira ao longo deste artigo quais são os agentes motivadores, os pilares e índices de desempenho que determinam este sentimento de felicidade corporativa.

4 Pilares da felicidade no trabalho

Para entender melhor o que é felicidade no trabalho e o que define este sentimento, separamos alguns fatores, ou pilares, que contribuem para esse estado de satisfação no ambiente profissional. Confira:

1. Propósito

Nada melhor para motivar um profissional do que objetivos e propósitos claros e gratificantes relacionados à suas atividades. O sentimento de propósito faz com que um colaborador atue de forma direcionada, segura e produtiva no dia a dia, e isso reflete diretamente em como ele se sente dentro da empresa.
Determinar metas tangíveis e criar um plano de carreira atrativo são exemplos de como criar um propósito para cada integrante da sua equipe.

2. Valores

A felicidade é diretamente determinada pelos valores de uma pessoa. Não é à toa que este é um conceito extremamente subjetivo e difícil de definir. Os valores são o que guiam um indivíduo e dão sentido às suas atitudes.
Um colaborador feliz provavelmente encontra na empresa em que trabalha valores com os quais se identifica. Por isso, é fundamental garantir que, no processo de atração, os recrutadores encontrem perfis alinhados com os valores empresariais e a cultura organizacional.

3. Flexibilidade

A flexibilidade é, mais do que nunca, um pilar significativo da felicidade no trabalho. Com a pandemia, colaboradores e empresas viram o impacto de um dia a dia de trabalho flexível na felicidade dos colaboradores.
Essa é uma forma de dar mais autonomia e confiança aos funcionários. Além disso, a flexibilidade garante também um maior equilíbrio entre vida pessoal e profissional, algo essencial para um colaborador feliz.

4. Pertencimento

Uma das formas mais efetivas de garantir a felicidade no trabalho é criando a oportunidade de o colaborador se sentir integrado e prestativo no ambiente profissional.
Alinhado ao propósito, o sentimento de pertencimento tem o poder de dar sentido às tarefas diárias do colaborador. Além disso, incentiva também o trabalho em equipe. Isso afasta sentimentos negativos como frustração, tristeza e solidão.

Importância da felicidade no trabalho para as empresas

Muitas organizações ainda não dão o devido valor à felicidade organizacional. O que também acontece muitas vezes é um investimento básico em ações pontuais que trazem um sentimento de felicidade momentâneo no ambiente corporativo.

O que acontece é que grande parte dessas empresas não vê a real importância da felicidade no trabalho para os resultados organizacionais.

No entanto, uma pesquisa da Gallup mostrou que empresas que investiram em felicidade no trabalho conseguiram diminuir em 51% a taxa de turnover, sem contar o grande aumento na produtividade das equipes e na retenção de talentos.

Um profissional que é feliz no trabalho tende a refletir isso em suas atividades e comportamento. Sendo assim, os índices de produtividade e satisfação de um colaborador feliz provavelmente serão muito maiores do que de um profissional que vive uma rotina de trabalho desmotivadora e estressante, por exemplo.

Por isso, as organizações devem cada vez mais investir em ações efetivas e duradouras de felicidade no trabalho. Veja a seguir 5 formas de fazer isso!

5 exemplos de como potencializar a felicidade no trabalho

 

Entender quais são os aspectos motivadores da felicidade corporativa ainda é a parte mais difícil para as organizações. Para que este seja um sentimento real dentro da empresa, é preciso ir além das ações básicas.
Sem dúvidas promover eventos e atividades de team building e oferecer frutas no escritório são iniciativas positivas e bem vistas aos olhos dos colaboradores. No entanto, estas ideias pontuais não definem a felicidade no trabalho.

Para garantir isso, a consistência e o desenvolvimento e planejamento de soluções que realmente impactem na vida profissional e no dia a dia dos colaboradores é o melhor caminho.

1. Escute os colaboradores

Seja para entender quais os benefícios mais interessantes, como está a cultura organizacional ou para identificar como melhorar a experiência do colaborador, as pesquisas internas e avaliações de desempenho são essenciais.

Estes feedbacks são muito valiosos para garantir a felicidade no trabalho. Afinal, nada melhor do que ouvir dos próprios colaboradores o que realmente os faria feliz. Não esqueça de incluir a liderança nesse processo. Isso ajudará a ter uma visão mais completa sobre a satisfação dos colaboradores.

2. Crie um plano de Benefícios realmente atrativo

Como já falamos, eventos, frutas no trabalho e brindes corporativos não garantem a felicidade de um colaborador. O mesmo acontece com os benefícios básicos e obrigatórios, como planos de saúde e vale transporte. Para garantir que os benefícios oferecidos sejam realmente atrativos, nada melhor do que consultar os próprios colaboradores. Afinal, dependendo da cultura organizacional as respostas podem variar bastante.

Considere opções como:

  • Apoio financeiro para educação e desenvolvimento profissional
  • Iniciativas de saúde e bem-estar
  • Assistência psicológica
  • Benefícios flexíveis

Além de ajudar na redução de custos supérfluos, um plano de benefícios alinhado ao desejo dos colaboradores aumenta a retenção de talentos e otimiza o employee experience.

3. Garanta planos de carreira efetivos

Nada melhor para garantir a felicidade no trabalho do que investir no crescimento profissional dos colaboradores. Com planos de carreira bem estruturados, realistas e que incentivem o desenvolvimento do funcionário, as chances de satisfação e contentamento aumentam drasticamente.

Essa é uma forma de garantir os valores de propósito e pertencimento no dia a dia dos colaboradores. Por fim, alinhe esta iniciativa com um bom plano de gestão de carreiras.

4. Aposte na inovação

Estar por dentro das tendências também pode impactar na felicidade no trabalho. Isso porque ao investir em inovação, a empresa garante diversos benefícios para os colaboradores e otimiza o trabalho das equipes. Veja os benefícios da inovação para a felicidade no trabalho:

  • Diversificação de atividades
  • Processos mais eficientes e intuitivos
  • Melhoria na experiência do colaborador
  • Desenvolvimento de competências
  • Diminuição da possibilidade de erros e conflitos internos
  • Melhoria na qualidade das entregas

5. Não se esqueça do trabalhador remoto

Em empresas que adotam o trabalho híbrido, é comum que a felicidade no trabalho fique em segundo plano para aqueles que trabalham remotamente. No entanto, esses profissionais também devem ser lembrados. No regime de home office, pode ser ainda mais difícil manter uma rotina de trabalho interessante e motivadora.

Isso prejudica diretamente os índices de felicidade no trabalho.
Invista em iniciativas voltadas especialmente para o bem-estar destes colaboradores. Pesquise e entenda como melhorar as condições de trabalho de cada um, incentive reuniões e encontros presenciais sempre que possível e garanta um acompanhamento periódico dos gestores.

colaboradores - starbusk

Visão de uma especialista sobre felicidade no trabalho e Employer Branding

O que a nossa especialista sobre Employer Branding, Suzie Clavery, fala sobre o tema e sobre o futuro da felicidade no trabalho.

A pandemia mudou radicalmente nossas vidas. Particularmente, me fez pensar ainda mais sobre o que me move, sobre o que verdadeiramente me importa: família, filhos, saúde, casa, comida, trabalho, etc. Sim, trabalho faz parte dessa lista.

Mesmo nesse cenário complexo e desafiador, trabalhar é um privilégio, ainda mais em uma empresa de saúde como o UnitedHealth Group. Nesse contexto, mesmo que eu não esteja na linha de frente, isso me move. Eu entendo a importância do meu trabalho para suportar as operações de quem salva vidas todos os dias.

Indiretamente, mesmo não tendo formação na área da saúde, aprendi a ver meu trabalho como fundamental para salvar vidas. E isso me faz feliz.

Gosto da definição de felicidade de Shawn Achor, em O jeito HARVARD de ser feliz: “felicidade é a alegria que sentimos quando buscamos atingir nosso pleno potencial.” Ele também diz que “felicidade leva ao sucesso e realização, e não o contrário”.

Com base nessas definições e pensando na minha experiência no mundo corporativo, a felicidade no trabalho é, para mim, um tema muito rico e importante de ser abordado. Deixo a seguir alguns insights sobre o assunto.

Felicidade no trabalho: um trabalho de consistência e propósito

O que aprendi no caminho, estudando um pouco mais sobre felicidade nos últimos anos e vivenciando minha rotina, é que é possível ser feliz no trabalho.
Mas felicidade corporativa não é o que a empresa dá. Por isso, não tem nada a ver com salário e benefícios, nem com uso de pequenas satisfações momentâneas para aumentar o engajamento.
Trata-se de um processo a longo prazo, que foca em como as pessoas se sentem, combinando a experiência positiva do colaborador e as emoções positivas que o cercam, com um senso mais profundo de sentido e propósito.

Considerando outras variáveis

A experiência positiva do colaborador que tanto falamos ultimamente, e que reflete significativamente na reputação da marca empregadora e na estratégia de Employer Branding, é parte do processo para o caminho da felicidade, e não a felicidade em si.

Mas, assim como o Employer Branding (Gestão de Marca Empregadora) e o Employee Experience (Experiência do Colaborador) são vistas como estratégias de negócio e gestão, a felicidade corporativa também deve ser. Esses conceitos, quando conectados, podem levar a empresa e os colaboradores que nela trabalham muito longe!

Vamos falar de números?

É questão de tempo ver a felicidade diminuir o absenteísmo e o turnover, fazendo com que os talentos permaneçam mais tempo na sua empresa, gerando motivação e comprometimento a longo prazo.

Colaboradores mais felizes tendem a ser mais saudáveis, física e mentalmente, reduzindo casos de depressão e Burnout. Além disso, são mais produtivos e engajados.

Todos estes fatores impactam diretamente em seu desempenho, gerando lucro para todo o ecossistema: ele próprio, a família, a sociedade e a empresa. Vamos aos números.

Um estudo realizado pelo Center for Positive Organizational Scholarship, da Universidade da Califórnia, mostra que um colaborador feliz é, em média, 31% mais produtivo, três vezes mais criativo e suas vendas são 37% mais elevadas, em comparação com outros. Uma pesquisa realizada pela Right Management mostrou que o nível de produtividade dos funcionários pode aumentar em até 50% em organizações que investem no bem-estar e no estímulo positivo de seus colaboradores.

Já diria William Edwards Deming que:
“Não se gerencia o que não se mede, não se mede o que não se define, não se define o que não se entende e não há sucesso no que não se gerencia.”

Por isso, experiência do colaborar e felicidade são as duas métricas essenciais para o sucesso de uma empresa nos novos tempos.

Quem é responsável pela felicidade no trabalho?

Além disso, outro ponto importante quando falamos de marca empregadora, experiência e felicidade no trabalho é justamente que a área ou o profissional de Recursos Humanos não deve mais ser visto como o responsável pela criação desses cenários, e nem se sentir neste dever.

Não é justo e nem sustentável colocar no RH a responsabilidade pelo sucesso de qualquer uma dessas facetas. Afinal, uma empresa é feita de pessoas para pessoas. Cada um de nós, líderes ou não líderes, RH ou não RH é responsável pela própria jornada, pelas próprias escolhas, pela experiência que provoca em si e nos outros.

Empresas são um grande ecossistema em funcionamento, no qual uma peça depende de outra para a sobrevivência. Isso significa que não adianta uma empresa ter um lindo desenho de jornada da experiência ou de plano de felicidade no papel, se no dia a dia as pessoas não se responsabilizam por executá-lo e não se veem como parte fundamental dele.

O papel da liderança

Uma liderança ruim, por exemplo, pode colocar todo o trabalho dessa jornada a perder, comprometendo toda a cadeia de valor. Isso acontece pois uma experiência negativa dos colaboradores, vai desencadear a infelicidade, influenciar negativamente na reputação da marca empregadora, comprometer a cultura, aumentar a rotatividade, diminuir a performance e etc.

Quando falamos de marca empregadora, experiência do colaborador e felicidade no trabalho, o RH pode e deve ser um designer dessas jornadas. Ou então um facilitador na criação de soluções alinhadas com a cultura da empresa e os objetivos de negócios, que trabalha ampliando a educação sobre os temas.

No entanto, para garantir a real felicidade corporativa, é preciso integrar estratégias, considerar a experiência do colaborador e incentivar a atuação ativa de cada membro da empresa.