A percepção que uma pessoa tem sobre seu trabalho vai além do valor do salário e benefícios. Para que uma empresa consiga garantir uma boa reputação como marca empregadora, é preciso que ela invista na experiência do colaborador, e isso inclui tanto o tratamento que as pessoas recebem no dia a dia quanto a forma como é conduzida a separação, seja por qual motivo. 

O desligamento é um momento crítico na percepção que a pessoa tem sobre a marca empregadora. Os últimos momentos contam tanto ou mais do que os ao longo da jornada na empresa. Por isso, um desligamento humanizado é algo que tem sido debatido recentemente pelas áreas de recursos humanos.

Se o colaborador que foi desligado sentir que o processo foi justo é menos provável que fale mal da empresa para outras pessoas. Um desligamento humanizado deve considerar com equilíbrio os interesses da organização e os da pessoa.

É natural que o demissionário experiencie a curva das emoções, tipicamente choque, raiva e tristeza nos primeiros momentos. Respeito e empatia são ingredientes básicos para o gestor conduzir o processo – é fácil de falar, o desafio é que esses comportamentos sejam percebidos pela pessoa sendo desligada. 

Para fazer um desligamento com respeito e empatia é importante que o gestor da pessoa tome alguns cuidados prévios. Em casos de demissão por problemas de desempenho, por exemplo, é preciso que o subordinado tenha recebido uma série de feedbacks sobre as suas posturas ou entregas abaixo das expectativas. Quando o gestor decide desligar, é porque já deu todas as oportunidades para que a pessoa tenha tido a oportunidade para entender o que teria de mudar suas posturas ou entregas. 

A comunicação da separação deve ser feita minutos antes do acontecimento, em um local reservado, com tempo suficiente para a pessoa ficar o quando precisar na sala, com acesso a água, lenços e um telefone. Assim, a pessoa pode reagir à notícia sem se expor e pode entrar em contato com entes queridos se assim desejar.

Além disso, é importante que o processo seja feito com o acompanhamento de alguém do RH para acolhida e explicação do pacote de desligamento. Gestor e RH devem estar preparados para as reações que a pessoa possa ter neste momento em que está sendo desligada.

Entretanto, o ato da demissão não é momento de avaliação de desempenho. Há muitos líderes que se sentem culpados, não sabem o que fazer e caem na tentação de explicar por que estão fazendo o desligamento, abrindo as portas para entrar em um diálogo que no fundo tenta “culpar a pessoa” a qual pode reagir de maneiras imprevisíveis e desfavoráveis. O ato da demissão não deve ser confundido como um momento de aprendizagem.

É importante que, após o desligamento, o gestor comunique o fato para as equipes e explique como ficará a estrutura. Quem fica na empresa vai observar como foi feito o processo. Se foi de forma humanizada com um colega ou o chefe, provavelmente será da mesma forma quando chegar a própria vez.

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Muitas empresas têm adotado políticas de apoio para aqueles colaboradores que foram desligados, de modo que eles não se vejam totalmente “sem chão” de uma hora para outra. 

Tenho a esperança de que as empresas formalizem políticas de outplacement, seja com serviços oferecidos pelas consultorias especializadas ou um mínimo de apoio para a pessoa montar um currículo, dicas para entrevistas de emprego, ajuda para se organizar financeiramente.

Quando a pessoa é desligada, é bem diferente de quando pede demissão – o senso de autoestima sofre muito. Portanto, é importante que gestores utilizem a empatia – tentem se colocar no lugar da pessoa, e procurem fazer o processo da forma mais humana possível.

Dante Mantovani

Consultor, criador e facilitador de trilhas de aprendizagem e coach, apaixonado por desenvolver lideranças. Engenheiro e Psicólogo, mescla lógica e emoção para criar conexões e convidar as pessoas para experimentar novos comportamentos e revisitar suas crenças em sua jornada de desenvolvimento.  Atua com coaching executivo e mentoring, eventos de aprendizagem para lideranças, gestão da cultura organizacional e gestão por competências.