Uma das coisas mais debatidas no universo empresarial nos últimos anos é a importância da equidade de gênero no trabalho.
Embora os esforços estejam melhorando, a mulher ainda é a que menos conta com oportunidades garantidas segundo o último Relatório Global de Diferença de Gênero em 2022.
Dessa forma, fica claro que garantir a equidade de gênero vai muito além de apenas garantir direitos. Há também uma necessidade de desconstruir pensamentos e é nisso que a Employer Branding pode ajudar.
Neste conteúdo, portanto, nós da Employer Branding Brasil, reforçamos o que quer dizer equidade de gênero na empresa e como o conceito de marca empregadora pode contribuir de fato para que isso aconteça. Acompanhe.
O que é Equidade de Gênero no Trabalho, afinal?
Primeiramente é válido entender de fato o que é equidade de gênero.
Muitas pessoas ainda utilizam o termo “igualdade de gênero” para falar da luta das mulheres, mas atualmente usamos “equidade de gênero” para falar da causa. Isso porque a igualdade é baseada no princípio da universalidade, ou seja, indica que todas as pessoas devem ser regidas pelas mesmas regras e devem ter os mesmos direitos e deveres. A equidade, por outro lado, reconhece que as pessoas não são todas iguais e que é preciso ajustar esse “desequilíbrio”, que acontece social e economicamente no âmbito pessoal ou profissional.
Equidade de gênero significa dar às mulheres o que elas precisam para que todas tenham acesso às mesmas oportunidades que os homens.
Para garantir que haja oportunidades iguais para as mulheres, é necessário sanar o desequilíbrio com ações afirmativas para garantir remunerações iguais entre homens e mulheres, promoções na carreira, posições de lideranças, qualidade de vida e treinamentos, entre outras, com o suporte de ações afirmativas que garantam o impulso e o suporte necessários às mulheres.
A distinção entre equidade e igualdade é fundamental para respeitar verdadeiramente as diversidades e ser, de fato, uma pessoa ou uma marca empregadora inclusiva.
Mercado de Trabalho e as Mulheres
Embora pareça um absurdo, o mercado de trabalho ainda é um tanto complicado para as mulheres. Durante a pandemia, por exemplo, foram elas as que mais perderam vagas de emprego no Brasil se comparado ao desemprego masculino.
Ao todo, mais de 825 mil postos de trabalho foram perdidos entre 2019 e 2020. Destes, 71% eram ocupados pelo gênero feminino segundo o levantamento do IBGE.
Além destes dados, outros indicadores relevantes da instituição mostram que as mulheres ainda recebem menos que os homens hoje em dia. Assim como ocupam menos cargos de liderança também.
A equidade de gênero no ambiente de trabalho também acaba prejudicada quando há presença de filhos.
Outro levantamento do IBGE divulgado em 2019 mostra que dentre as dificuldades que as mulheres enfrentam na inserção do mercado de trabalho estão as crianças.
Mulheres entre 25 a 49 anos que possuem filhos de até 3 anos, por exemplo, são as que menos contam com oportunidades de trabalho. Contudo, a situação é totalmente oposta quando se fala de homens. Aqueles que possuem filhos da mesma faixa etária tiveram um nível de ocupação de vagas maior do que aqueles que não possuem.
Diante de todos esses indicadores fica notável a importância de se falar sobre o assunto nas empresas. Além disso, há a necessidade de se investir em equidade de gênero por parte delas já que não é somente uma questão de direitos, mas sim de cultura também.
Mulheres com diferentes marcadores sociais e interseccionalidades
Além de falarmos sobre a igualdade de gênero que afeta as mulheres do mundo todo, não podemos deixar de lembrar que ainda existe um recorte para as mulheres pretas, que sofrem ainda mais por conta do preconceito racial.
A taxa de desemprego de mulheres negras é o dobro da de homens brancos, segundo as pesquisas “Pnad Contínua de 2017 a 2021”.
Portanto, além de olhar para a pauta da equidade de gênero para as mulheres, é preciso falar sobre as mulheres pretas, que são ainda mais invisibilizadas.
Outro recorte importante e também pouco falado ou com mínimas ou quase inexistentes ações práticas socialmente e nas empresas, é o olhar para as mulheres lésbicas, bissexuais e Trans, além das mulheres com deficiência.
“Não sou livre enquanto outra mulher for prisioneira, mesmo que as correntes dela sejam diferentes das minhas.” Audre Lorde.
Quando falamos sobre equidade de gênero devemos abranger todos os marcadores sociais possíveis e não apenas as mulhere cis brancas. A equidade de gênero também é plural.
Papel do Employer Branding na equidade de gênero
E por falar em cultura organizacional é justamente neste ponto que o Employer Branding tem como contribuir com a equidade de gênero no trabalho.
Vale lembrar que não basta apenas a empresa oferecer os mesmos direitos. É necessário empoderar as mulheres e educar os homens para essa questão.
Dentro do conceito de marca empregadora, por exemplo, está a importância da diversidade e inclusão. Algo que pode e deve ser trabalhado dentro das empresas. Vale lembrar que para que de fato isso aconteça é necessário criar uma cultura organizacional pautada sobre isso.
A mudança de mentalidade interna é crucial para resultados mais positivos. As estratégias de employer branding, por sua vez, pode contribuir, em conjunto com as ações organizacionais e das áreas de recursos humanos, para promover ações de equidade de gênero.
Algumas possibilidades são:
Um recrutamento direcionado e com políticas de ações que priorizem vagas para mulheres;
Oferecer salários padronizados, bem como oportunidades de crescimento sem distinção de gênero. Neste caso é essencial que a empresa busque tratar os mesmos critérios de promoção;
Desenvolver um ambiente de trabalho mais seguro, onde mulheres não se sintam ameaçadas caso engravidem. Assim como ter tolerância zero em casos de assédio.
Incentivo forte e direcionado para mulheres progredirem na carreira e alcançarem cargos de liderança
Criação de políticas duras e punições severas contra o assédio e canais sérios de denúncias anônimas para combater os casos de assédio
Vale destacar também que diversos benefícios podem ser sentidos quando a empresa decide por transformar a equidade de gênero no trabalho em uma luta. O principal deles, por exemplo, é a aprovação social.
Empresas que promovem ações como estas são sempre vistas com bons olhos pela sociedade. Assim como procuradas e desejadas pelas melhores profissionais do mercado para se trabalhar, fortalecendo um dos principais objetivos do conceito de gestão de marca empregadora: boa reputação.
O Dia Internacional das Mulheres (8 de março) como Dia de Luta
Por fim, depois de todos os dados descritos acima, não podemos deixar de citar o Dia Internacional das Mulheres, 8 de março, como data simbólica de luta pela equidade de gênero.
Vale lembrar que o dia tem como objetivo reforçar a luta pelos direitos das mulheres, os quais ainda são burlados em diversas questões na sociedade.
Há muitas histórias sobre a origem do Dia Internacional da Mulher. Algumas fontes sugerem que a data surgiu em homenagem às mais de cem mulheres vítimas do incêndio na fábrica da Triangle Shirtwaist Company, em Nova York, mas, apesar de trágico e simbólico, o ocorrido em 25 de março de 1911 é posterior a algumas das lutas operárias que culminaram na origem verdadeira. Por conta de todas elas que a ONU (Organização das Nações Unidas) oficializou a data de 8 de março em 1975.
Além da equidade de gênero e a igualdade salarial, hoje a data também representa a luta das mulheres contra o machismo e a violência, a qual ainda conta com números alarmantes. Mais de 18 milhões de mulheres sofreram algum tipo de violência em 2022 segundo pesquisa divulgada pelo Fórum de Segurança Pública.
Portanto, refletir sobre a participação da mulher no mercado de trabalho dentro da sua empresa se faz necessário a fim de contribuir com essa luta feminina constante.
Criar estratégias que envolvam a equidade de gênero é essencial e estudar o conceito de Employer Branding pode, de fato, ajudar neste caminho.
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