Definitivamente Employer Branding e Employee Experience são conceitos diferentes.
O mercado confunde muito ainda, mas, quando falamos de Employer Branding estamos falando a gestão de marca empregadora, do gerenciamento da reputação de marca empregadora para atração e retenção de talentos. É posicionar, através das propostas de valor do empregador (EVP – Employer Value Proposition) a forma como sua marca empregadora é percebida pelos candidatos e pelos colaboradores, mostrando, de forma genuína, os motivos pelos quais alguém deveria escolher a sua empresa para trabalhar.
Enquanto isso, a experiência do colaborador é a jornada desse talento em uma empresa, considerando os momentos que importam para ele/ela. É a intersecção entre os desejos, as expectativas e as necessidades do colaborador e o design organizacional da empresa, que busca possibilidades de alcançar esses desejos, essas expectativas e essas necessidades dos colaboradores.
Fato é que, embora não sejam a mesma coisa, a reputação da marca empregadora é afetada diretamente pela experiência do candidato ou do colaborador. Assim como uma experiência ruim gera uma reputação ruim de marca empregadora, uma experiência boa gera conexão com a marca empregadora ampliando as possibilidades da repercussão de uma reputação positiva para esta mesma marca.
E quando falamos de experiência do colaborador, devemos pensar em todos os pontos do ciclo de vida daquele talento com a empresa, ou seja, desde o Onboarding até o seu desligamento. Em alguns momentos, essa magia de encantar colaboradores é mais óbvia e comum, como no primeiro dia de trabalho do colaborador, por exemplo, no qual todas as empresas querem passar e manter uma boa impressão para os novos talentos.
Por outro lado, o estágio de separação do colaborador com a empresa – seja uma demissão voluntária, involuntária ou por uma aposentadoria – é sempre um dos momentos que importam mais para os colaboradores e para o qual as empresas, em geral, dão menos importância.
Eu, particularmente, acho esse um dos momentos mais complexos e pouco aproveitados pelas empresas. A grande maioria mal tem estruturada a tal da “entrevista de desligamento”, que é um dado qualitativo importantíssimo para ser visto, revisto e analisado. Empresas que querem atrair e reter talentos, tem que saber o motivo pelos quais os seus estão indo embora. Mas a entrevista de desligamento é só o primeiro passo desse momento importantíssimo. Algumas empresas optam por suportar o caminho da aposentadoria para os colaboradores recém aposentados. Outras empresas optam por continuar mantendo o relacionamento com seus ex-colaboradores através de festas, reuniões periódicas ou comunidades, mas a grande maioria não faz nada mesmo e mantém uma relação fria, distante e muitas vezes, cheia de mágoas.
Já outras empresas se apresentam com maturidade e se destacam nesse momento, marcando ainda mais a vida toda de um funcionário com aquela marca empregadora. Foi o que fez a ESPN, que deu um show de bola na despedida do jornalista Everaldo Marques.
E ele foi para a concorrência, depois de 15 anos dedicados à ESPN! A empresa simplesmente poderia ter ignorado esse fato, ficado com raiva de tê-lo perdido, permitido que, no máximo, os colegas organizassem um happy hour informal de despedida. Esse momento já seria carinhoso, mas certamente não tão marcante, não deixaria tão clara a importância que aquele jornalista talentoso teve na construção da empresa. Ao invés disso, a ESPN fez uma linda homenagem, ao vivo e em rede nacional, para não passar em branco mesmo, para deixar claro que não há mágoas e que tudo bem se caminhos se encerrarem. A ESPN fechou com ciclo de ouro a experiência do colaborador Everaldo Marques e, com absoluta certeza, ela não vai se esquecer jamais da marca empregadora. E será que ele não volta algum dia?
Confira o vídeo:
Agora que estamos vivenciando esse período de COVID-19, muitas empresas estão desligando funcionários.
Algumas o fazem de forma coletiva e outras de forma individual.
Acredito que a escolha pelo modo ao qual será realizado este momento, talvez, fosse mais assertivo se nela há um trabalho de EB e E.E.
Mas nos casos das empresas que que não há este tipo de olhar, ainda; é possível, ainda assim, tentar tornar esse momento tão difícil em uma experiência menos traumática?