São tempos, no mínimo, estranhos. Há mais de 10 dias em casa, em completo distanciamento social, trabalhando (muito) Home Office (eu e meu marido), com duas crianças cheias de energia, cozinhar, arrumar minimamente a casa e não perder a energia, a sanidade mental e a esperança, não tem sido tarefa fácil, confesso.

Mas, apesar da distância física do mundo, a cabeça continua em pleno funcionamento. Fato este que não me deixa parar de pensar que, nenhum de nós, seres humanos vivos hoje, imaginou que uma pandemia seria a nossa realidade. Em um mundo com tantos dados e tecnologia, o que é mais eficaz para tentar aniquilar o Corona Vírus continua sendo lavar bem as mãos e manter a tal distância social, na tal da quarentena, as mesmas medidas que pareceram ser as mais eficazes por quem as adotou em 1918/1920 na pandemia da gripe espanhola, que matou cerca de 50 milhões de pessoas, um terço da população do mundo na época.

#FicaEmCasa Esse isolamento mudará para sempre a nossa forma de ver o mundo, de trabalhar, de nos relacionarmos com as pessoas, de viver.

Este é o mundo que temos hoje, das janelas das nossas casas:


Este é o Papa Francisco, sozinho, na Praça São Pedro, vazia, no Vaticano. “É diante do sofrimento que se mede o verdadeiro desenvolvimento dos povos” – “ilusão pensar que continuaríamos sempre saudáveis num mundo doente”, disse o pontífice.

O crucifixo da igreja de São Marcelo, em Roma, considerado milagroso por ter ajudado a acabar com peste, em 1519, foi levado para a Praça na última sexta-feira, 27 de março de 2020.

Este é o Papa Francisco, sozinho, na Praça São Pedro, vazia, no Vaticano.

Foto: https://exame.abril.com.br/mundo/papa-reza-sozinho-e-concede-indulgencia-plenaria-por-coronavirus/

Independente da sua crença, essas imagens tem um simbolismo gigantesco e um peso enorme no futuro que nos reserva.

É impossível não ser impactada/o por esse momento único da humanidade. É impossível não pensar que, se o mundo acabasse hoje, que legado deixaríamos nós? O que eu (Suzie) estou deixando de história? O que você (que está lendo este texto) está deixando de história? O que as empresas para as quais dedicamos boa parte de nossas vidas está deixando de legado? Você se orgulha do que fez até hoje e da história que construiu até aqui? Você se orgulha da empresa na qual trabalha hoje? Que história e que papel ela está tendo hoje diante dessa pandemia?

E por que falar de trabalho em um momento como este? Pelo simples fato que passamos cerca de 70% de nossas vidas no trabalho e porque, aqueles que hoje, na atual crise, tem a possibilidade de trabalhar, tem o privilégio de manter por mais tempo a sua saúde financeira e emocional. Mesmo nesse cenário sombrio, trabalho importa, tanto (ou mais) quanto ler um livro, fazer yoga ou correr na sala de casa. Eu continuo amando meu trabalho, mais ainda agora, que ele ajuda com que eu me sinta útil, produtiva e viva.

Trabalhando com #EmpolyerBranding há mais de 10 anos, sempre levantei a bandeira de que as promessas de valor de uma empresa para seus candidatos e colaboradores, o tal do EVP – Employer Value Proposition, deveria ser, antes de tudo, verdadeiro, genuíno.

Eu sempre procurei escolher empresas que admirava para trabalhar. Nunca desviei desse caminho, por dinheiro algum. Se o meu trabalho está relacionado com a criação da reputação de uma marca empregadora, eu preciso, antes de tudo, acreditar no que faço, acreditar nas promessas que promovo, acreditar na empresa para a qual trabalho (e nas outras para as quais trabalhei) para promover não apenas algo que se mistura também com a minha reputação pessoal, mas que é, acima de tudo, verdadeiro.

Nesses muitos anos de trabalho com #MarcaEmpregadora, vi inúmeras empresas entrarem na “moda” do #EB e, sem nenhum entendimento real e concreto do assunto, criarem seus “EVPs” do dia pra noite, sem metodologia, sem realmente um trabalho aprofundado e corajoso de olhar para si mesmas e detectar seus pontos positivos e seus defeitos. O resultado foram campanhas maravilhosamente bem esculpidas para atração de candidatos, mas que não sustentavam suas próprias culturas organizacionais. Um mundo de trabalho fantasioso, sendo vendido a qualquer custo. O que eu costumo chamar de “empresas fake”, que assumem outras personalidades e não revelam quem realmente são.

Talvez em um mundo pré-Covid19 ainda fosse “tolerável” esse tipo de promoção. Mas, e a partir de agora, você realmente ainda acredita que o mundo e as pessoas serão os mesmos depois do #COVID19?

Certamente as estratégias de #EmployerBranding #EB de TODAS as empresas estão sendo afetadas nesse momento. O tal do “futuro do trabalho” já é presente, com a transformação de funções que não são mais essenciais, com a drástica, repentina e forçada transformação digital que precisou ser adotada pelas empresas imediatamente, tangibilizada principalmente pelo modelo de trabalho Home office e as conexões remotas. O que antes se alastrava para acontecer, seja por deficiência tecnológica, seja por atraso de mentalidade, hoje aconteceu do dia para noite, porque não havia alternativas.

A economia terá um preço alto a pagar também. Ninguém saíra impune. Alguns negócios vão prosperar a passos lentos e outros deixarão de existir.

Quantos dias para quebrar – #RadarMarthaGabriel

E, para aqueles que continuarem existindo, e agora, como atrair e reter talentos nesse novo mundo? Você e sua #MarcaEmpregadora estão preparados? Suas propostas de valor, seu #EVP, os motivos pelos quais as pessoas escolhem e permanecem na sua empresa serão os mesmos depois dessa crise? Seus colaboradores sentem orgulho de estar hoje trabalhando em sua empresa no meio da crise?

O distanciamento é físico, mas a conexão tecnológica é assídua, forte e mais reveladora do que nunca para direcionar a reputação da sua marca.

Enquanto algumas marcas tiram as máscaras e mostram seu lado negro nesses tempos sombrios, perdendo seu apelo comercial e, por consequência, sua atratividade como marca empregadora…

Declarações de executivos arranham reputação de empresas.

Outras mostram seu lado humano, solidário e empático, que, aliados à sua cultura e suas promessas de valor como empregador, tem um enorme potencial de atração e retenção de talentos na era pós-Covid19.

Quando tudo isso passar (e vai passar, pois nenhuma tempestade dura para sempre), ao lado de quem você quer estar?

Eu acredito que toda crise é uma oportunidade de pensar e de agir diferente, de se reinventar, de se adaptar, de se comunicar, de colaborar, de viver e oferecer o seu melhor. É em meio ao caos que deixamos cair as máscaras e mostramos quem realmente somos. Isso vale para pessoas e vale para empresas também.