Employer branding ou gestão da marca empregadora é uma área em crescimento atualmente no Brasil. Se você busca uma transição de carreira e quer saber como se tornar um profissional de employer branding, continue a leitura.

Ainda não existe uma formação específica para essa profissão, então, a maioria dos profissionais de employer branding costuma estar nos setores de RH, Comunicação ou Marketing, apesar de não haver uma regra. Isso se explica por se tratar de uma área muito conectada aos objetivos do negócio, que necessita de um profissional preparado para lidar com pessoas e com estratégias de comunicação.

Mas será que é preciso ser formado em Comunicação, Marketing ou Psicologia para exercer a função? Ter experiência em Recursos Humanos? Quais são as hard e as soft skills necessárias para ser um profissional de EB?

Para responder essas e outras dúvidas, conversei com algumas pessoas que contaram como fizeram a transição de carreira para se tornarem profissionais de employer branding. Os depoimentos dessas experiências pessoais geraram dicas e conselhos que podem te inspirar nessa jornada e ajudar a atingir o seu objetivo. Vamos começar?

 

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Primeiros passos para a transição de carreira

Igor Antunes, formado em Psicologia, começou sua carreira atuando em recrutamento e seleção, e considera que a experiência nesta área de RH, foi a porta de entrada para ele conseguir migrar para EB. Hoje ele trabalha exclusivamente com employer branding, numa startup, a Contabilizei.

Se a sua vontade é se tornar um profissional de EB, Igor aconselha estudar e ser um constante curioso, que não tenha vergonha de conversar com outros profissionais.

Igor acredita muito no protagonismo da pessoa que está em transição de carreira e no personal branding. Ele considera essencial construir seu posicionamento profissional e estar ativo no Linkedin, produzindo conteúdo e criando relacionamentos.

Mostrar seu brilho nos olhos e entusiasmo para entrar na área, ser autêntico e real são atitudes que ele teve em sua própria trajetória e também aconselha para quem está nesse caminho. 

“Técnica é super importante, mas acredito que atitudes comportamentais hoje também contam muito.”

1. Busque conhecimento

Maria Luiza Segantini, a Malu, é formada em Comunicação Social, habilitação em Publicidade e Propaganda. Ela trabalhava com Customer Success e Customer Experience e conta que para migrar para employer branding, ela buscou aprender sobre o assunto e construir uma rede de relacionamento dentro dessa área.

“Hoje em dia, Employer Branding tem gente de várias formações diferentes… então o candidato que busca uma vaga de EB, deve tentar entender primeiro o que ele pode usar a seu favor dentro de sua experiência.”

Faça cursos

Existem os gratuitos, bons para começar a conhecer a área, e os pagos, para se aprofundar e se capacitar melhor.

Consuma conteúdo

Ler livros, artigos e publicações na internet, ouvir podcasts, assistir vídeos e webinares ajudam a absorver e fixar os novos aprendizados, além de possibilitarem diferentes pontos de vista.

E se você nunca fez nada que tenha a ver com EB? Malu sugere que ele tente criar a oportunidade na empresa onde está. Como? Seja voluntário, se ofereça para participar de projetos do time de People, mostre-se interessado e peça para fazer parte, mesmo que seja como ouvinte, com o intuito de aprender.

Para finalizar, Malu deixa alguns conselhos para quem deseja conquistar a tão sonhada vaga em EB:

“Tenha um olhar estratégico sobre o que você já fez na hora de destacar isso no currículo e nas entrevistas. Não menospreze experiências. Além disso, produza conteúdo no Linkedin e amplie sua rede, fazendo benchmarking ou mesmo pedindo conselhos para profissionais de EB.”

2. Esteja ativo nas redes sociais

Siga as seguintes dicas para alcançar os profissionais que são referência na área no LinkedIn.

Faça conexões

Siga profissionais da área no Linkedin. Não tenha vergonha de “puxar conversa”, mostrar seu interesse e vontade de trabalhar com EB. A maioria deles tem prazer em ajudar e compartilhar conhecimento.

Faça parte de grupos e comunidades

Estes ambientes são ricos em trocas de ideias, já que são formados por profissionais com diversos níveis de experiências, que estão sempre discutindo o assunto, apresentando cases e promovendo eventos sobre o tema.

Produza conteúdo

Começou a estudar o tema? Compartilhe o que aprendeu. Não é porque você ainda não atua na área que não tem autoridade para postar sobre o que já sabe. Publicar conteúdos escrevendo sua análise, ajuda a construir sua reputação e atrai profissionais tanto da área, como recrutadores que estão selecionando perfis.

Interaja

Tão importante quanto publicar o seu conteúdo é interagir com outras publicações da rede. Curta e comente os posts de pessoas que estão publicando sobre employer branding para registrar o seu entendimento do assunto e gerar conversas.

3.Invista em seu marketing pessoal

Desiree Ferreira é formada em Comunicação Social, com habilitação em Jornalismo e hoje atua no time de EB da TOTVS. Além de ter experiências em jornalismo escrito, ela também trabalhou com comunicação interna, marketing até com desenvolvimento de pessoas, dentro do RH, o que ela considera ter sido o diferencial para ela conquistar seu lugar na área de employer branding.

Uma dica da Desiree para o candidato se diferenciar nos processos seletivos já começa pela apresentação do currículo. Sair do padrão, inserir gráficos ou elementos que chamem a atenção, mas sem deixar de ser objetivo e direto, pode ser uma boa para o recrutador começar a te notar. Ela costuma fazer isso e diz que dá muito certo.

Além disso, o bom e velho networking, principalmente pelo Linkedin, é fundamental, e, claro, mantendo também essa rede social sempre ativa e atualizada com suas experiências e publicações. Segue então um compilado de dicas para melhorar seu marketing pessoal:

Valorize suas habilidades e experiências

Principalmente aquelas que tenham aplicabilidade na área de EB.

Seja criativo

Diferencie sua forma de apresentar seu currículo e capriche nas suas publicações em rede social.

Faça networking

Tenha presença digital e sempre mantenha relacionamentos com profissionais da área.

Desiree ainda deixou um conselho interessante para as pessoas que estão buscando trabalhar com marca empregadora: “

É muito importante escolher empresas onde você quer estar, que combinem com o seu perfil. Porque se é uma empresa que não combina com você, como você vai fazer essa marca empregadora dar certo?”

4. Seja proativo e protagonista

Busque por oportunidades, mas não apenas espere por elas, faça com que elas surjam! Quer saber como? Veja abaixo o que a Lila fez.

Ingrid Feijó, ou Lila, como ela diz que é chamada pela maioria das pessoas, é uma das responsáveis pelo employer branding na Loft. Ela é formada em Administração e contou que o caminho até chegar aonde está não foi fácil. Apesar de ter apresentado seu TCC sobre Employer Branding, não conseguia emprego na área, por não ter experiência prática.
Recebeu alguns “nãos”, e acabou aceitando trabalhar em outras funções em algumas empresas.

Como ela conseguiu ir pra área? A sua proatividade chamou atenção dos gestores, já que mesmo antes de existir um departamento ou função de employer branding na empresa, ela realizava ações relacionadas ao tema, por conta própria. Isso despertou o interesse da gestão, que ao abrir a vaga, decidiu apostar nela.

Segundo Lila, mostrar proatividade, engajamento e vontade fizeram a diferença para ela conseguir seu lugar no employer branding. “Eu acredito em criar suas próprias oportunidades.” Ela completa dizendo que, infelizmente, o mercado de trabalho costuma focar muito em experiência, mas que deveria olhar mais para o potencial das pessoas.

Hoje, como líder da área na Loft, ela faz sua parte no sentido de mudar esse padrão de exigir experiência, em detrimento do potencial. Ela já contratou três profissionais que nunca haviam trabalhado com EB, mas que demonstraram entusiasmo em aprender e fazer acontecer.

6 habilidades essenciais para o profissional de EB em transição de carreira

 

Guilherme Roque, formado em Jornalismo, é responsável pelo EB da Riachuelo, mas contou que foi preciso usar suas habilidades de persuasão, argumentação e negociação para convencer a alta gestão da importância de se criar um departamento de employer branding na empresa.

Guilherme aconselha quem está tentando um lugar na área, a ser um entusiasta do assunto, se capacitar e mostrar que deseja crescer junto com a empresa. Ele confessa que é um caminho difícil, mas gratificante: “Não desista. Não se prenda ao cargo, mas ao job description. E avalie dentro da empresa se há oportunidade, perguntar não ofende.”

Ter senso de dono, persistência, saber se expressar com clareza e, principalmente, sair da sua bolha são extremamente necessários, segundo Guilherme, já que EB se relaciona com diversas áreas e, na maioria das vezes, é preciso “catequizar” as pessoas sobre o tema.

Além disso, saber sobre planejamento estratégico, entender do mercado e modelos de trabalho, além de conhecer bem a cultura da empresa são fundamentais para produzir estratégias e gerir a marca empregadora.

Veja algumas características de um bom profissional de EB, que todos os profissionais que colaboraram com este artigo listaram:

1. Gostar de pessoas

Um profissional de employer branding precisa gostar de trabalhar em equipe e de se relacionar, pois precisará transitar em diversos setores da empresa e contar com o apoio de todos.

2. Ser comunicativo e criativo

É preciso saber se comunicar bem para passar corretamente a mensagem, de forma que a estratégia tenha coerência com os objetivos da empresa.

3. Ser persuasivo

Muitas vezes será preciso educar as pessoas sobre o que é employer branding e convencê-las do poder estratégico e dos resultados que a gestão da marca empregadora é capaz de atingir.

4. Ser orientado para dados (data driven)

EB é estratégia, é negócio. É construído de dentro pra fora e precisa trazer retorno para a empresa. Portanto, não adianta construir um EVP maravilhoso e traçar várias ações, se não existirem pesquisas para apresentar um diagnóstico, se os dados não forem acompanhados e se os resultados não forem analisados.

5. Entender sobre Marketing e Branding

Employer branding é sobre construir, gerir e divulgar uma marca empregadora. Portanto, é preciso saber sobre branding e marketing para fazer as coisas acontecerem.

Mas não se engane achando que o foco é design e estética, a importância está muito mais no planejamento estratégico para alinhar os pilares e propostas de valor da empresa aos seus objetivos de negócio.

Ter conhecimento em marketing digital, performance, mídia, growth, inbound, conteúdo e storytelling ajuda muito a definir que caminhos seguir. Claro que você não precisa ser especialista em tudo, mas entender como essas estratégias podem ser usadas para atingir resultados é fundamental.

6. Entender sobre RH

Assim como não é preciso ser um expert em todas as áreas de marketing e branding, você também não precisa entender tudo que envolve a área de RH, mas ter noção de como funcionam os processos de recrutamento, desde a atração, seleção até o desenvolvimento e retenção dos talentos, engajamento, diversidade, cultura, tudo isso auxilia no trabalho de employer branding.

Afinal, junto com a boa gestão da marca empregadora, estão as boas práticas em employee experience e candidate experience. Por isso, faz muita diferença conhecer sobre inbound recruiting, jornada do colaborador, people analytics, entre outras ferramentas e estratégias.

Enfim, um profissional de employer branding precisa agrupar diversas habilidades como ser um bom comunicador e estrategista, e saber fazer uma boa gestão de projetos, para conseguir definir e priorizar ações que tragam resultados positivos para a marca empregadora.

Se este é seu objetivo profissional, espero que este artigo tenha ajudado em sua busca e que colabore para o seu sucesso.

Texto escrito por Fabíola Coelho

Texto escrito por Fabíola Coelho

Busco me encontrar, aprender, ensinar, me realizar profissional e pessoalmente. Sou mãe de menino, de cachorros, casada, formada em Comunicação Social – Publicidade e Propaganda, pós-graduada em Comunicação Interna. Não gosto de fazer as coisas só porque sim, preciso enxergar sentido em um propósito com valores fortes.

Já trabalhei em times incríveis, já fui “euquipe”, já empreendi criando meus próprios produtos, me reinventei e farei de novo quantas vezes for preciso.
Amo viajar e conhecer diferentes lugares e pessoas. E na minha bagagem de vida, trago no âmbito profissional, um pouco de muito: comunicação estratégica corporativa, endomarketing, gestão da marca empregadora (employer branding), planejamento de marketing on e offline, copywriting, produção e revisão de conteúdo para mídias digitais, inbound marketing, gestão de redes sociais, rebranding, eventos e até gestão de equipe. Bora trocar ideias?